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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

PARA NÃO ESQUECER - MENSAGEM PARA O NATAL DO PAPA JOÃO PAULO II BÊNÇÃO «URBI ET ORBI» Natal de 1979




MENSAGEM PARA O NATAL DO PAPA JOÃO PAULO II BÊNÇÃO «URBI ET ORBI»
Natal de 1979

1. «Puer natus est nobis, Filius datus est nobis»
.
(Eis, nasceu-nos um menino, um Filho nos foi dado) (Is. 9, 5).
Com estas palavras, desejo saudar hoje, neste dia tão solene, a Igreja e a Família Humana.
Sim, encontramo-nos no dia do Nascimento. Nasce o Menino. Nasce o Filho. Nasce da Mãe. Durante nove meses, como qualquer outro recém-nascido, esteve ligado ao seu seio materno. Nasce da Mãe no tempo e segundo as leis do tempo humano para o nascimento. 


Do Pai nasceu desde toda a eternidade. Ele é Filho de Deus. Ele é o Verbo. E traz consigo ao mundo todo o amor do Pai para com o homem. Ele é a revelação da divina «Filantropia». N'Ele, o Pai dá-se a Si mesmo a todos e a cada um dos homens; n'Ele é confirmada a eterna herança do homem em Deus. N'Ele fica revelado, até ao fim dos tempos, o futuro do homem. Ele fala do significado e do sentido da vida humana, independentemente do sofrimento ou de qualquer «handicap», que possam vir a pesar sobre esta vida, nas suas dimensões terrenas. 


Ele virá a comunicar tudo isto com o seu Evangelho; a comunicá-lo por fim com a sua Cruz e com a sua Ressurreição. 

E tudo Ele anuncia, já desde agora, com o seu Nascimento. 

2. «Puer natus est nobis, Filius datus est nobis». 

(Eis, nasceu-nos um menino, um Filho nos foi dado). 

Neste dia, os nossos corações em recolhimento junto d'Ele, junto do Recém-nascido de Belém, concentram-se, simultaneamente, em todos os meninos, em todas as crianças humanas, em todo e qualquer novo homem, nascido de progenitores humanos. E concentram-se quer naqueles que ainda hão-de nascer, quer naqueles que já nasceram: primeiro, nos que ainda estão a ser aleitados; e depois, nos pequeninos que começam a dar os primeiros passos, a sorrir, a falar e a compreender; e ainda naqueles que, já na escola, se forniam para a vida. 

Natal é a festa de todas as crianças do mundo; de todas, sem diferença alguma, de raça, de nacionalidade, de língua, ou de origem. Cristo nasceu em Belém para todas elas. Representa-as a todas. O seu primeiro dia sobre esta terra fala-nos de todas e de cada uma delas: é a primeira mensagem do Menino nascido de uma Mulher pobre; daquela Mãe que, após o nascimento, O envolveu em faixas e deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria (Lc. 2, 7). 

E é necessário que tal mensagem do Menino, a mensagem do Recém-nascido, ressoe com uma particular clareza no final deste ano que, por iniciativa da Organização das Nações Unidas, toda a família humana tem vindo a celebrar como o Ano da Criança. 

3. Portanto, que aquele Menino, nascido em Belém, no final deste ano e no limiar do Ano Novo, fale dos direitos de todas as crianças, fale da sua dignidade e do seu significado na nossa vida: na vida de todas as famílias e nações, e na vida de toda a humanidade. 

A criança é sempre uma nova revelação da vida, que é dada ao homem pelo Criador. E é uma nova confirmação da imagem e da semelhança de Deus, impressas desde o princípio no homem.
A criança constitui sempre também uma maneira excelente e contínua para verificar a nossa fidelidade a nós mesmos. A nossa fidelidade à humanidade. É um modo de verificação do respeito pelo mistério da vida, na qual, desde o primeiro momento da sua concepção, o Criador estampa a impressão da sua imagem e da sua semelhança. 

A dignidade da criança exige, da parte dos pais e da parte da sociedade, uma vivíssima sensibilidade de consciência. Com efeito, a criança é aquele ponto nevrálgico, à volta do qual se forma ou se espedaça a moral das famílias e, em seguida, a moral das nações inteiras e das sociedades. A dignidade da criança exige a máxima responsabilidade dos pais e também a máxima responsabilidade social em todos os sectores. 

4. Alguns meses atrás tive a honra de falar perante a Assembleia da Organização das Nações Unidas em Nova Iorque. E permito-me hoje, uma vez mais, repetir as palavras que pronunciei naquele discurso: 

«Desejo ... na presença dos representantes aqui reunidos de tantas nações da terra, exprimir a alegria que para cada um de nós constituem as crianças, primavera da vida e antecipação da história futura de todas as presentes pátrias terrenas. Nenhum país do mundo, nenhum sistema político pode pensar no próprio porvir diversamente, senão mediante a imagem destas novas gerações, que hão-de assumir dos seus progenitores o multíplice património dos valores, dos deveres e das aspirações da nação à qual pertencem, juntamente com o património de toda a família humana. A solicitude para com a criança, ainda mesmo antes do seu nascimento, desde o primeiro momento da sua concepção, e em seguida nos anos da infância e da juventude, é a primeira e fundamental verificação da relação do homem para com o homem.
E por conseguinte, o que é que se poderia mais desejar ardentemente a todas e a cada uma das nações e à inteira humanidade, senão aquele melhor futuro em que o respeito dos Direitos do Homem se torne uma plena realidade nas dimensões do Ano Dois Mil que se aproxima?

Mas numa tal perspectiva devemos perguntar-nos se irá continuar a acumular-se sobre a cabeça desta nova geração de crianças a ameaça do comum extermínio, cujos meios se acham nas mãos dos Estados contemporâneos, e particularmente das maiores Potências da terra. Deverão elas, porventura, herdar de nós, como um património indispensável, a corrida aos armamentos?». 

5. E agora, da sala das reuniões da O.N.U., voltemos outra vez ao estábulo de Belém. Detenhamo-nos, uma vez mais ainda, diante da manjedoura. E digamos, dirigindo-nos, naquele Menino Recém-nascido, a todas as Crianças da face da terra: 

Sois o nosso amor, sois o nosso futuro! Nós queremos transmitir-vos tudo aquilo de melhor que possuímos. Queremos transmitir-vos um mundo melhor e mais justo: o mundo da humana fraternidade e da paz. Queremos transmitir-vos o fruto do trabalho de todas as gerações e a herança de todas as culturas. Queremos transmitir-vos, sobretudo, aquela suprema Herança, aquele Dom inexaurível, que nos trouxe, a nós homens, o Menino nascido em Belém! Vinde todos a Ele! Sim, todas as crianças da inteira família humana! Cantai em todas as línguas e em todos os dialectos! Cantai ao Recém-nascido! Anunciai a alegria! Anunciai a grande alegria! A alegria da vossa Festa. 

E agora, com um particular pensamento para todas as crianças que vivem em tantos lugares da terra, desejo dirigir uma saudação natalícia em diversas línguas.

***

E o Sumo Pontífice, antes de dar a Bênção «Urbi et Orbi» (à Urbe de Roma e a todo o Orbe terrestre), apresentou votos de Boas-Festas em 34 idiomas diferentes, pela seguinte ordem: francês, inglês, alemão, espanhol, português, irlandês, neerlandês, sueco, albanês, croático, esloveno, servo, servo-lusácio, romeno, húngaro, checo, eslovaco, russo, bielo-russo, lituano, letão, ucraniano, arménico, turco, hindi, chinês, japonês, árabe, etíope, suaíli, polaco, grego, latim e italiano.
Em português disse: «Boas-Festas um santo e feliz Natal com as bênçãos do Menino Jesus».


FONTE:
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/messages/urbi/documents/hf_jp-ii_mes_19791225_urbi_po.html

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