Em seu recente artigo “Humanizar a sexualidade”, o bispo diocesano de Petrópolis, Dom Filippo Santoro explica que não houve nenhuma mudança no ensinamento da
Igreja sobre o
preservativo com as recentes declarações de
Bento XVI no novo livro-entrevista “Luz do Mundo”. Segundo o prelado “o objetivo da entrevista do Papa é superar uma visão puramente mecânica da sexualidade e abrir a uma visão mais humana, que comporta a doação à
vida do outro e não apenas uma droga para uma satisfação narcisista de si”. Na obra de Seewald, o Papa “reafirma a posição da Igreja na perspectiva de não banalizar a sexualidade reduzindo tudo à distribuição de
preservativos sem a devida ênfase numa séria campanha educativa”.
“Depois da apresentação de trechos do último livro do
Papa Bento XVI ”Luz do Mundo. O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos. Uma conversa do Papa com Peter Seewald” (Livraria Editora Vaticana), se levantaram muitos comentários na imprensa indicando uma mudança no ensinamento da Igreja sobre a moral sexual”, mencionou Dom Filippo.
Entretanto, o bispo explica que “o Papa, neste livro, no final do XI capítulo, reafirma a posição da Igreja na perspectiva de não banalizar a sexualidade reduzindo tudo à distribuição de preservativos sem a devida ênfase numa séria campanha educativa. O Papa afirma: “não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos. É preciso fazer muito mais. Temos de estar próximos das pessoas, orientá-las, ajudá-las; e isso quer antes, quer depois de uma doença. Efetivamente acontece que, onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. Tem de se fazer mais””.
Dom Santoro acrescenta que “também fora da visão da Igreja ”Desenvolveu-se, entretanto, precisamente no domínio secular, a chamada teoria... que defende ‘Abstinência – Fidelidade – Preservativo’, sendo que o preservativo só deve ser entendido como uma alternativa quando os outros dois não resultam. Ou seja, a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias”.
Dom Filippo também insistiu que «o objetivo da entrevista do Papa é superar uma visão puramente mecânica da sexualidade e abrir a uma visão mais humana, que comporta a doação à vida do outro e não apenas uma droga para uma satisfação narcisista de si. Trata-se de ampliar a afetividade e não de frustrá-la ou reduzi-la. “É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver sobre o ser humano na sua totalidade”».
“Assim o Papa se coloca na perspectiva da valorização da sexualidade humana como expressão de amor, responsabilidade e dom de si e não como redução do outro a objeto. Isso aprofunda e não reforma o ensinamento moral da Igreja. Quando a prática sexual representa um efetivo risco para a vida do outro, e somente neste caso excepcional, o uso do preservativo, reduzindo o risco do contagio, é um primeiro ato de responsabilidade, um primeiro passo para uma sexualidade mais humana”, destacou o bispo de Petrópolis.
«Não estamos diante de nenhuma revolução na visão da moral cristã, mas sim diante de um aprofundamento do valor da sexualidade e do valor pleno da vida, que nasce do respeito da dignidade humana. O horizonte do Papa é muito maior que a pura questão do preservativo. Como afirmou o jornalista Peter Seewald, o Papa neste livro tem como perspectiva “o futuro do planeta”», acrescentou o prelado.
Dom Filippo recorda ainda as palavras de indignação de Seewald durante a apresentação do texto no Vaticano, onde o jornalista afirma que “Nosso livro evoca a sobrevivência do planeta que está ameaçado; o Papa lança um apelo à humanidade, nosso mundo está no transe do colapso e a metade dos jornalistas só se interessa pela questão do preservativo”.
A questão de fundo é: “a sexualidade tem algo a ver com o amor? Trata-se da responsabilidade da sexualidade”, advertiu Dom Filippo Santoro.
“O centro da mensagem do Papa nesta entrevista é uma proposta de esperança para a humanidade, que tem um horizonte grande e quer oferecer uma luz para o presente e o destino das pessoas”, conclui o bispo.
FONTE:
http://www.acidigital.com/noticia.php?id=20696
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