Ontem de manhã, 20 de agosto, a partir das 10:00h (hora local) ao presidir a Missa, na Catedral de Almudena, com uns dois mil seminaristas de diferentes partes do mundo, o Papa Bento XVI os alentou em sua homilia a "não deixar-se intimidar por um entorno no qual se pretende excluir Deus".
Antes de iniciar a Eucaristia o Papa recebeu a saudação do Arcebispo de Madrid, Cardeal Antonio María Rouco, e a de um seminarista, quem lhe disse "não resulta fácil hoje, Santo Padre, a missão de ser testemunhas de Cristo. Custa-nos muito chegar a nossos irmãos afastados ou não crentes".
Entretanto, prosseguiu, "queremos oferecer a esperança do Evangelho com nossa futura entrega sacerdotal a este nosso mundo, urgidos pela caridade de Cristo, como o melhor tesouro que nos entregou o Senhor. Para ser fiéis a isso pedimos, Santo Padre, que peça à nossa Mãe, a Santíssima Virgem Maria, para que cheguemos a ser outros Cristos no meio do mundo".
Diante de centenas de bispos e sacerdotes concelebrantes, o Papa pronunciou sua homilia na qual pediu aos seminaristas que dêem graças a Deus por tê-los escolhido, "por esta mostra de predileção que tem com cada um de vós".
O Papa destacou logo que Cristo é o exemplo perfeito de sacerdote, cumprindo sempre a vontade de Deus e entregando-se totalmente na Cruz e ficando com os homens na Eucaristia.
O Santo Padre animou logo os seminaristas a pedir a Deus que "os conceda imitá-lo em sua caridade até o extremo para com todos, sem fugir aos afastados e pecadores, de forma que, com sua ajuda, convertam-se e voltem para bom caminho. Peçam-lhe que os ensine a estar muito perto dos doentes e dos pobres, com simplicidade e generosidade".
"Enfrentem este desafio sem complexos nem mediocridade, antes bem como uma bela forma de realizar a vida humana em gratuidade e em serviço, sendo testemunhas de Deus feito homem, mensageiros da altíssima dignidade da pessoa humana e, por conseguinte, seus defensores incondicionais".
Apoiados em seu amor, exortou o Papa, "não vos deixeis intimidar por um entorno no qual se pretende excluir a Deus e no qual o poder, o ter ou o prazer freqüentemente são os principais critérios pelos quais a existência se rege".
"Pode que os menosprezem, como se costuma fazer com quem evoca metas mais altas ou desmascaram os ídolos ante os quais hoje muitos se prostram. Será então quando uma vida profundamente enraizada em Cristo se mostre realmente como uma novidade e atraia com força a quem seriamente procura Deus, a verdade e a justiça".
Alentados por seus formadores, disse logo Bento XVI, "abram sua alma à luz do Senhor para ver se este caminho, que requer valentia e autenticidade, é o seu, avançando ao sacerdócio somente se estiverem firmemente persuadidos de que Deus os chama a ser seus ministros e plenamente decididos a exercê-lo obedecendo as disposições da Igreja".
O Papa explicou logo que os anos do seminário devem ser "de silêncio interior, de permanente oração, de constante estudo e de inserção paulatina nas ações e estruturas pastorais da Igreja. Igreja que é comunidade e instituição, família e missão, criação de Cristo por seu Santo Espírito e ao mesmo tempo resultado dos que a conformamos com nossa santidade e com nossos pecados".
Bento XVI recordou também que os seminaristas e os sacerdotes têm a missão de ser Santos como Cristo e a Igreja: "nós devemos ser Santos para não criar uma contradição entre o sinal que somos e a realidade que queremos significar", assegurou.
Depois de reiterar seu chamado a viver a radical fidelidade evangélica, o Santo Padre disse que o sacerdote deve sempre configurar-se com Cristo, fazendo-se ele também bom pastor de suas ovelhas.
"Esta disponibilidade, que é dom do Espírito Santo, é a que inspira a decisão de viver o celibato pelo Reino dos céus, o desprendimento dos bens da terra, a austeridade de vida e a obediência sincera e sem dissimulação".
Na parte final de sua homilia o Papa exortou os seminaristas a seguirem o exemplo de São João de Ávila, Padroeiro do clero secular da Espanha e os animou a olhar sempre a Maria: "Ela saberá forjar sua alma segundo o modelo de Cristo, seu divino Filho, e os ensinará sempre a custodiar os bens que Ele adquiriu no Calvário para a salvação do mundo. Amém".
Entretanto, prosseguiu, "queremos oferecer a esperança do Evangelho com nossa futura entrega sacerdotal a este nosso mundo, urgidos pela caridade de Cristo, como o melhor tesouro que nos entregou o Senhor. Para ser fiéis a isso pedimos, Santo Padre, que peça à nossa Mãe, a Santíssima Virgem Maria, para que cheguemos a ser outros Cristos no meio do mundo".
Diante de centenas de bispos e sacerdotes concelebrantes, o Papa pronunciou sua homilia na qual pediu aos seminaristas que dêem graças a Deus por tê-los escolhido, "por esta mostra de predileção que tem com cada um de vós".
O Papa destacou logo que Cristo é o exemplo perfeito de sacerdote, cumprindo sempre a vontade de Deus e entregando-se totalmente na Cruz e ficando com os homens na Eucaristia.
O Santo Padre animou logo os seminaristas a pedir a Deus que "os conceda imitá-lo em sua caridade até o extremo para com todos, sem fugir aos afastados e pecadores, de forma que, com sua ajuda, convertam-se e voltem para bom caminho. Peçam-lhe que os ensine a estar muito perto dos doentes e dos pobres, com simplicidade e generosidade".
"Enfrentem este desafio sem complexos nem mediocridade, antes bem como uma bela forma de realizar a vida humana em gratuidade e em serviço, sendo testemunhas de Deus feito homem, mensageiros da altíssima dignidade da pessoa humana e, por conseguinte, seus defensores incondicionais".
Apoiados em seu amor, exortou o Papa, "não vos deixeis intimidar por um entorno no qual se pretende excluir a Deus e no qual o poder, o ter ou o prazer freqüentemente são os principais critérios pelos quais a existência se rege".
"Pode que os menosprezem, como se costuma fazer com quem evoca metas mais altas ou desmascaram os ídolos ante os quais hoje muitos se prostram. Será então quando uma vida profundamente enraizada em Cristo se mostre realmente como uma novidade e atraia com força a quem seriamente procura Deus, a verdade e a justiça".
Alentados por seus formadores, disse logo Bento XVI, "abram sua alma à luz do Senhor para ver se este caminho, que requer valentia e autenticidade, é o seu, avançando ao sacerdócio somente se estiverem firmemente persuadidos de que Deus os chama a ser seus ministros e plenamente decididos a exercê-lo obedecendo as disposições da Igreja".
O Papa explicou logo que os anos do seminário devem ser "de silêncio interior, de permanente oração, de constante estudo e de inserção paulatina nas ações e estruturas pastorais da Igreja. Igreja que é comunidade e instituição, família e missão, criação de Cristo por seu Santo Espírito e ao mesmo tempo resultado dos que a conformamos com nossa santidade e com nossos pecados".
Bento XVI recordou também que os seminaristas e os sacerdotes têm a missão de ser Santos como Cristo e a Igreja: "nós devemos ser Santos para não criar uma contradição entre o sinal que somos e a realidade que queremos significar", assegurou.
Depois de reiterar seu chamado a viver a radical fidelidade evangélica, o Santo Padre disse que o sacerdote deve sempre configurar-se com Cristo, fazendo-se ele também bom pastor de suas ovelhas.
"Esta disponibilidade, que é dom do Espírito Santo, é a que inspira a decisão de viver o celibato pelo Reino dos céus, o desprendimento dos bens da terra, a austeridade de vida e a obediência sincera e sem dissimulação".
Na parte final de sua homilia o Papa exortou os seminaristas a seguirem o exemplo de São João de Ávila, Padroeiro do clero secular da Espanha e os animou a olhar sempre a Maria: "Ela saberá forjar sua alma segundo o modelo de Cristo, seu divino Filho, e os ensinará sempre a custodiar os bens que Ele adquiriu no Calvário para a salvação do mundo. Amém".
SEGUE ABAIXO NA INTEGRA A
Homilia do Papa na missa com seminaristas na JMJ de Madrid
Senhor Cardeal Arcebispo de Madrid,
Queridos Irmãos no Episcopado,
Queridos sacerdotes e religiosos,
Queridos reitores e formadores,
Queridos seminaristas,
Meus amigos!
Sinto uma profunda alegria ao celebrar a Santa Missa para todos vós, que aspirais a ser sacerdotes de Cristo para o serviço da Igreja e dos homens, e agradeço as amáveis palavras de saudação com que me acolhestes. Hoje esta Catedral de Santa Maria a Real da Almudena lembra um imenso cenáculo onde o Senhor desejou ardentemente celebrar a Sua Pascoa com todos vós que um dia desejais presidir em seu nome os mistérios da salvação. Vendo-vos, comprovo de novo como Cristo continua chamando jovens discípulos para fazer deles seus apóstolos, permanecendo assim viva a missão da Igreja e a oferta do evangelho ao mundo. Como seminaristas, estais a caminho para uma meta santa: ser continuadores da missão que Cristo recebeu do Pai. Chamados por Ele, seguistes a sua voz; e, atraídos pelo seu olhar amoroso, avançais para o ministério sagrado. Ponde os vossos olhos n’Ele, que, pela sua encarnação, é o revelador supremo de Deus ao mundo e, pela sua ressurreição, é a fiel realização da sua promessa. Dai-Lhe graças por este sinal de predileção que reserva para cada um de vós.
A primeira leitura que escutámos mostra-nos Cristo como o novo e definitivo sacerdote, que fez uma oferta total da sua existência. A antífona do salmo aplica-se perfeitamente a Ele, quando, ao entrar no mundo, Se dirigiu a seu Pai dizendo: «Eis-me aqui para fazer a tua vontade» (cf. Sal 39, 8-9). Procurava agradar-Lhe em tudo: ao falar e ao agir, percorrendo os caminhos ou acolhendo os pecadores. A sua vida foi um serviço, e a sua dedicação abnegada uma intercessão perene, colocando-Se em nome de todos diante do Pai com Primogénito de muitos irmãos. O autor da Carta aos Hebreus afirma que, através desta entrega, nos tornou perfeitos para sempre, a nós que estávamos chamados a participar da sua filiação (cf. Heb 10, 14).
A Eucaristia, de cuja instituição nos fala o evangelho proclamado (cf. Lc 22, 14-20), é a expressão real dessa entrega incondicional de Jesus por todos, incluindo aqueles que O entregavam: entrega do seu corpo e sangue para a vida dos homens e para a remissão dos pecados. O sangue, sinal da vida, foi-nos dado por Deus como aliança, a fim de podermos inserir a força da sua vida onde reina a morte por causa do nosso pecado, e assim destruí-lo. O corpo rasgado e o sangue derramado de Cristo, isto é, a sua liberdade sacrificada, converteram-se, através dos sinais eucarísticos, na nova fonte da liberdade redimida dos homens. N’Ele temos a promessa duma redenção definitiva e a esperança segura dos bens futuros. Por Cristo, sabemos que não estamos caminhando para o abismo, para o silêncio do nada ou da morte, mas seguindo para a terra prometida, para Ele que é nossa meta e também nosso princípio.
Queridos amigos, vos preparais para ser apóstolos com Cristo e como Cristo, para ser companheiros de viagem e servidores dos homens. Como haveis de viver estes anos de preparação? Em primeiro lugar, devem ser anos de silêncio interior, de oração permanente, de estudo constante e de progressiva inserção nas atividades e estruturas pastorais da Igreja. Igreja, que é comunidade e instituição, família e missão, criação de Cristo pelo seu Espírito Santo e simultaneamente resultado de quanto a configuramos com a nossa santidade e com os nossos pecados. Assim o quis Deus, que não se incomoda de tomar pobres e pecadores para fazer deles seus amigos e instrumentos para redenção do género humano. A santidade da Igreja é, antes de mais nada, a santidade objetiva da própria pessoa de Cristo, do seu evangelho e dos seus sacramentos, a santidade daquela força do alto que a anima e impele. Nós devemos ser santos para não gerar uma contradição entre o sinal que somos e a realidade que queremos significar.
Meditai bem este mistério da Igreja, vivendo os anos da vossa formação com profunda alegria, em atitude de docilidade, de lucidez e de radical fidelidade evangélica, bem como numa amorosa relação com o tempo e as pessoas no meio de quem viveis. É que ninguém escolhe o contexto nem os destinatários da sua missão. Cada época tem os seus problemas, mas Deus dá em cada tempo a graça oportuna para os assumir e superar com amor e realismo. Por isso, em toda e qualquer circunstância em que se encontre e por mais dura que esta seja, o sacerdote tem de frutificar em toda a espécie de boas obras, conservando sempre vivas no seu íntimo aquelas palavras do dia da sua Ordenação com que se lhe exortava a configurar a sua vida com o mistério da cruz do Senhor.
Configurar-se com Cristo comporta, queridos seminaristas, identificar-se sempre mais com Aquele que por nós Se fez servo, sacerdote e vítima. Na realidade, configurar-se com Ele é a tarefa em que o sacerdote há de gastar toda a sua vida. Já sabemos que nos ultrapassa e não a conseguiremos cumprir plenamente, mas, como diz São Paulo, corremos para a meta esperando alcançá-la (cf. Flp 3, 12-14).
Mas Cristo, Sumo Sacerdote, é igualmente o Bom Pastor, que cuida das suas ovelhas até ao ponto de dar a vida por elas (cf. Jo 10, 11). Para imitar nisto também o Senhor, o vosso corações tem de ir amadurecendo no Seminário, colocando-se totalmente à disposição do Mestre. Dom do Espírito Santo, esta disponibilidade é que inspira a decisão de viver o celibato pelo Reino dos céus, o desprendimento dos bens da terra, a austeridade de vida e a obediência sincera e sem dissimulação.
Pedi-Lhe, pois, que vos conceda imitá-Lo na sua caridade até ao fim para com todos, sem excluir os afastados e pecadores, de tal forma que, com a vossa ajuda, se convertam e voltem ao bom caminho. Pedi-Lhe que vos ensine a aproximar-vos dos enfermos e dos pobres, com simplicidade e generosidade. Afrontai este desafio sem complexos nem mediocridade, mas antes como uma forma estupenda de realizar a vida humana na gratuidade e no serviço, sendo testemunhas de Deus feito homem, mensageiros da dignidade altíssima da pessoa humana e, consequentemente, seus defensores incondicionais. Apoiados no seu amor, não vos deixeis amedrontar por um ambiente onde se pretende excluir Deus e no qual os principais critérios por que se rege a existência são, frequentemente, o poder, o ter ou o prazer. Pode acontecer que vos desprezem, como se costuma fazer com quem aponta metas mais altas ou desmascara os ídolos diante dos quais muito se prostram hoje. Será então que uma vida profundamente radicada em Cristo se revele realmente como uma novidade, atraindo com vigor a quantos verdadeiramente procuram Deus, a verdade e a justiça.
Animados pelos vossos formadores, abri a vossa alma à luz do Senhor para ver se este caminho, que requer coragem e autenticidade, é o vosso, avançando para o sacerdócio só se estiverdes firmemente persuadidos de que Deus vos chama para ser seus ministros e plenamente decididos a exercê-lo obedecendo às disposições da Igreja.
Com esta confiança, aprendei d’Aquele que Se definiu a Si mesmo como manso e humilde de coração, despojando-vos para isso de todo o desejo mundano, de modo que não busqueis o vosso próprio interesse, mas edifiqueis, com a vossa conduta, aos vossos irmãos, como fez o santo padroeiro do clero secular espanhol São João de Ávila. Animados pelo seu exemplo, olhai sobretudo para a Virgem Maria, Mãe dos sacerdotes. Ela saberá forjar a vossa alma segundo o modelo de Cristo, seu divino Filho, e vos ensinará incessantemente a guardar os bens que Ele adquiriu no Calvário para a salvação do mundo. Amen.
Queridos Irmãos no Episcopado,
Queridos sacerdotes e religiosos,
Queridos reitores e formadores,
Queridos seminaristas,
Meus amigos!
Sinto uma profunda alegria ao celebrar a Santa Missa para todos vós, que aspirais a ser sacerdotes de Cristo para o serviço da Igreja e dos homens, e agradeço as amáveis palavras de saudação com que me acolhestes. Hoje esta Catedral de Santa Maria a Real da Almudena lembra um imenso cenáculo onde o Senhor desejou ardentemente celebrar a Sua Pascoa com todos vós que um dia desejais presidir em seu nome os mistérios da salvação. Vendo-vos, comprovo de novo como Cristo continua chamando jovens discípulos para fazer deles seus apóstolos, permanecendo assim viva a missão da Igreja e a oferta do evangelho ao mundo. Como seminaristas, estais a caminho para uma meta santa: ser continuadores da missão que Cristo recebeu do Pai. Chamados por Ele, seguistes a sua voz; e, atraídos pelo seu olhar amoroso, avançais para o ministério sagrado. Ponde os vossos olhos n’Ele, que, pela sua encarnação, é o revelador supremo de Deus ao mundo e, pela sua ressurreição, é a fiel realização da sua promessa. Dai-Lhe graças por este sinal de predileção que reserva para cada um de vós.
A primeira leitura que escutámos mostra-nos Cristo como o novo e definitivo sacerdote, que fez uma oferta total da sua existência. A antífona do salmo aplica-se perfeitamente a Ele, quando, ao entrar no mundo, Se dirigiu a seu Pai dizendo: «Eis-me aqui para fazer a tua vontade» (cf. Sal 39, 8-9). Procurava agradar-Lhe em tudo: ao falar e ao agir, percorrendo os caminhos ou acolhendo os pecadores. A sua vida foi um serviço, e a sua dedicação abnegada uma intercessão perene, colocando-Se em nome de todos diante do Pai com Primogénito de muitos irmãos. O autor da Carta aos Hebreus afirma que, através desta entrega, nos tornou perfeitos para sempre, a nós que estávamos chamados a participar da sua filiação (cf. Heb 10, 14).
A Eucaristia, de cuja instituição nos fala o evangelho proclamado (cf. Lc 22, 14-20), é a expressão real dessa entrega incondicional de Jesus por todos, incluindo aqueles que O entregavam: entrega do seu corpo e sangue para a vida dos homens e para a remissão dos pecados. O sangue, sinal da vida, foi-nos dado por Deus como aliança, a fim de podermos inserir a força da sua vida onde reina a morte por causa do nosso pecado, e assim destruí-lo. O corpo rasgado e o sangue derramado de Cristo, isto é, a sua liberdade sacrificada, converteram-se, através dos sinais eucarísticos, na nova fonte da liberdade redimida dos homens. N’Ele temos a promessa duma redenção definitiva e a esperança segura dos bens futuros. Por Cristo, sabemos que não estamos caminhando para o abismo, para o silêncio do nada ou da morte, mas seguindo para a terra prometida, para Ele que é nossa meta e também nosso princípio.
Queridos amigos, vos preparais para ser apóstolos com Cristo e como Cristo, para ser companheiros de viagem e servidores dos homens. Como haveis de viver estes anos de preparação? Em primeiro lugar, devem ser anos de silêncio interior, de oração permanente, de estudo constante e de progressiva inserção nas atividades e estruturas pastorais da Igreja. Igreja, que é comunidade e instituição, família e missão, criação de Cristo pelo seu Espírito Santo e simultaneamente resultado de quanto a configuramos com a nossa santidade e com os nossos pecados. Assim o quis Deus, que não se incomoda de tomar pobres e pecadores para fazer deles seus amigos e instrumentos para redenção do género humano. A santidade da Igreja é, antes de mais nada, a santidade objetiva da própria pessoa de Cristo, do seu evangelho e dos seus sacramentos, a santidade daquela força do alto que a anima e impele. Nós devemos ser santos para não gerar uma contradição entre o sinal que somos e a realidade que queremos significar.
Meditai bem este mistério da Igreja, vivendo os anos da vossa formação com profunda alegria, em atitude de docilidade, de lucidez e de radical fidelidade evangélica, bem como numa amorosa relação com o tempo e as pessoas no meio de quem viveis. É que ninguém escolhe o contexto nem os destinatários da sua missão. Cada época tem os seus problemas, mas Deus dá em cada tempo a graça oportuna para os assumir e superar com amor e realismo. Por isso, em toda e qualquer circunstância em que se encontre e por mais dura que esta seja, o sacerdote tem de frutificar em toda a espécie de boas obras, conservando sempre vivas no seu íntimo aquelas palavras do dia da sua Ordenação com que se lhe exortava a configurar a sua vida com o mistério da cruz do Senhor.
Configurar-se com Cristo comporta, queridos seminaristas, identificar-se sempre mais com Aquele que por nós Se fez servo, sacerdote e vítima. Na realidade, configurar-se com Ele é a tarefa em que o sacerdote há de gastar toda a sua vida. Já sabemos que nos ultrapassa e não a conseguiremos cumprir plenamente, mas, como diz São Paulo, corremos para a meta esperando alcançá-la (cf. Flp 3, 12-14).
Mas Cristo, Sumo Sacerdote, é igualmente o Bom Pastor, que cuida das suas ovelhas até ao ponto de dar a vida por elas (cf. Jo 10, 11). Para imitar nisto também o Senhor, o vosso corações tem de ir amadurecendo no Seminário, colocando-se totalmente à disposição do Mestre. Dom do Espírito Santo, esta disponibilidade é que inspira a decisão de viver o celibato pelo Reino dos céus, o desprendimento dos bens da terra, a austeridade de vida e a obediência sincera e sem dissimulação.
Pedi-Lhe, pois, que vos conceda imitá-Lo na sua caridade até ao fim para com todos, sem excluir os afastados e pecadores, de tal forma que, com a vossa ajuda, se convertam e voltem ao bom caminho. Pedi-Lhe que vos ensine a aproximar-vos dos enfermos e dos pobres, com simplicidade e generosidade. Afrontai este desafio sem complexos nem mediocridade, mas antes como uma forma estupenda de realizar a vida humana na gratuidade e no serviço, sendo testemunhas de Deus feito homem, mensageiros da dignidade altíssima da pessoa humana e, consequentemente, seus defensores incondicionais. Apoiados no seu amor, não vos deixeis amedrontar por um ambiente onde se pretende excluir Deus e no qual os principais critérios por que se rege a existência são, frequentemente, o poder, o ter ou o prazer. Pode acontecer que vos desprezem, como se costuma fazer com quem aponta metas mais altas ou desmascara os ídolos diante dos quais muito se prostram hoje. Será então que uma vida profundamente radicada em Cristo se revele realmente como uma novidade, atraindo com vigor a quantos verdadeiramente procuram Deus, a verdade e a justiça.
Animados pelos vossos formadores, abri a vossa alma à luz do Senhor para ver se este caminho, que requer coragem e autenticidade, é o vosso, avançando para o sacerdócio só se estiverdes firmemente persuadidos de que Deus vos chama para ser seus ministros e plenamente decididos a exercê-lo obedecendo às disposições da Igreja.
Com esta confiança, aprendei d’Aquele que Se definiu a Si mesmo como manso e humilde de coração, despojando-vos para isso de todo o desejo mundano, de modo que não busqueis o vosso próprio interesse, mas edifiqueis, com a vossa conduta, aos vossos irmãos, como fez o santo padroeiro do clero secular espanhol São João de Ávila. Animados pelo seu exemplo, olhai sobretudo para a Virgem Maria, Mãe dos sacerdotes. Ela saberá forjar a vossa alma segundo o modelo de Cristo, seu divino Filho, e vos ensinará incessantemente a guardar os bens que Ele adquiriu no Calvário para a salvação do mundo. Amen.
Fontes:
http://www.acidigital.com/noticia.php?id=22392
http://www.acidigital.com/noticia.php?id=22392
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=87036
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